"Eis o estúdio MDL, do Renato Jr. E ali dentro da cabine, o Ricardo Soler, o finalista da Operação Triunfo capaz de transformar em sons maviosos qualquer coisa que cante. Como se escreve uma canção para o festival? Antes disso, como raio é que se escreve uma canção? Respondo da mesma forma que respondi à pergunta "como se escreve uma BD", no álbum que fiz com o Luis Louro, O Corvo: Laços de Família - não faço ideia. O meu processo foi o seguinte: primeiro, juntei numa panela (fictícia, não literal)...- A minha conhecida devoção pelo poder da canção pop de três minutos, seja ela dos Beatles, do Stevie Wonder ou dos Vampire Weekend;
- Uma cena do argumento que ando a escrever e onde uma das personagens, depois de um avassalador desgosto amoroso, constata que todas as canções que ouve em qualquer estação de rádio que escolha, no carro, são sobre si;
- A "mixtape" (em cassete, à antiga) enquanto parte essencial de qualquer namoro (consultar o livro Alta Fidelidade, de Nick Hornby, para saber coisas importantes sobre este assunto);
- A Maria de Vasconcelos, que tem o que me falta (e não falo de seios, uma vez que tenho desses, devido à minha compleição física) - noção de como as ideias encaixam numa estrutura tão delicada como a da canção, e que, por isso, sensatamente, convidei para partilhar comigo a autoria disto;
- Um documento de Word e uma nota no "bloco de notas" do telemóvel, ambos cheios de frases soltas sobre a maneira como estas canções conseguem resumir a vida de uma pessoa em três minutos.
Assim, e em sessões de trabalho algures entre o telefone e o Messenger, cozemos uma letra na qual já operámos várias mutações, sendo que hoje chegámos, orgulhosamente à versão a que chamamos definitiva e que pudemos ouvir o Ricardo cantar, enquanto o Renato ia explicando o que vai acrescentar mais de coros e instrumentos. E está possante, sim senhor. Não é uma canção alternativa e a letra não é de comédia (isto para não ficarem a pensar que me pus a invadir à bruta, com as minhas idiossincrasias, o universo da música comercial), mas acho que está lá o meu tributo emocionado à canção pop de três minutos - e sim, dura, de facto, três minutos! - e posso dizer que eu e a Maria fizemos um trabalho digno para a excelente malha pop que o Renato Jr. criou e também para a voz explosiva do Ricardo que, uma vez mais, garanto-o, vai deixar as pessoas boquiabertas.
É todo um universo novo onde a pata 44 Markliana ainda não tinha entrado, e o mais provável é que, tão de fininho como entrou, a pata 44 se venha a retirar, já que as letras de canções são para quem faz disto vida e não para curiosos da engenharia da canção pop como eu. Mas já que depositaram confiança em mim, aceitei o repto. E fiz bem em chamar a Maria para pegar nas minhas ideias e ajudar-me a criar qualquer coisa de interessante.
Uma coisa é certa: o diacho da cantiga fica no ouvido."
Fonte: havidaemmarkl

1 comentários:
Adoro o vosso trabalho neste blog...
sinceramente ã equipa esc esta de parabens....
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